quinta-feira, 29 de julho de 2010

Causos da terra,,,

Começa o dia resmungado, vomitando palavras e mostrando suas conclusões cheias de discriminação. As constantes brigas orais com a esposa o transformou em um ser débil e irracional. Emitia irritantes gritos enquanto dormia e a irritava o quanto podia. Durante o dia consumia grandes doses de bebidas alcoólicas misturando suas formas de entendimento do mundo com as alucinações provocadas pelos líquidos entorpecentes. Honesto poderia ser em seus negócios e com seus amigos de bar. Enquanto deixava sua esposa no desconforto de um lar em desarmonia com a paciência e a paz. Resumia o bem estar em cruzar suas pernas e pedir o garçom mais uma cerveja. Seus filhos o ignoravam pois nenhum deles conseguia ter um momento de conversa agradável.
Caminhando ou arrastando seus pés vinha de encontro aos seus fantasmas mais íntimos, patrão, mulheres, bebidas, seus pais. Desempregado, mas criativo, ganhava a vida em seu veículo de carga lembrando que o empregador passado era para ele um grande motivo de orgulho e o fato de ter sido despedido o provocava grandes frustrações. Enfrentava todas suas dificuldades com um copo na mão e deixava que a vida resolvesse o resto. Sua história foi traçada junta as mulheres da vida e desrespeitava sua mulher no lar como podia. Achava que todas as mulheres eram meros ornamentos privados de liberdade e estáticas no ambiente domestico.
Metido em uma cama inerte sonhando acordado em seus tormentos vegetava aos olhares despercebidos dos passantes. Varias camas e um som de espera pela morte agonizava naquele momento. O lugar parecia um purgatório onde transavam homens de branco cheios de status sem os ter e infelizes precisando de ajuda. Onde estava os mitos que o acompanhavam desde o berço? onde estava os deuses, anjos? Onde estava as drogas? Queria se desligar e partir sem dor e sem medo. Basta desta tortura cheia de carnificina e demência e agora não teria nem escolha de morrer em paz.
Paz, foi algo que nunca ofereceu com quem dividia espaço e agora jaz como indigente e um ser completamente animal. O conforto de sua família? Todos partiram com suas frustrações aos lugares ilustres ou nebulosos, para cada um sua sorte, suas personalidades o levaram a suas posições sociais. Mas o homem jaz como coisa, como sempre foi tratado pela sociedade manarquica eclisiastica, federativa e a mulher como complemento maldito de toda esta fera que consome medilcrimente as coisas da terra.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

quinta-feira, 22 de julho de 2010

muitos egos...


Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.

Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha…
tão desprezada,
tão murmurada…
Fingindo ser alegre
seu triste fado.

Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!

(Cora Coralina)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Camile Claudel

Madeira

Sou como as coisas de madeira
Peças estranhas em todas as casas
Lascadas e coladas em qualquer canto

Nasce inocente em uma floresta
E apodrece nas mais variadas formas
Divinas ou macabras terminam em cinzas

quinta-feira, 15 de julho de 2010

À poetisa do mero poeta

Ela acordou de forma inesperada
A amanhã surgiu ferida
Cortou com as laminas da faca

O céu anunciou a morte
Da violeta caída da janela
As borboletas ficaram no seu túmulo

Catamos nossas canções
O som surge do fagote
Em busca da lira perfeita


Mitologia ou natureza
O rio de águas claras
Misturou-se com os egos humanos


Voz esquecida do peixe
As censuras dos meros vivos
Cheias de ritos e mitos

A noite é fria e triste
Umedece primeiro o lado deprimido
No existir individualista e internalizado

Onde a memória se diz necessária
Onde o réu é condenado
Existirá um homem desarmado

domingo, 11 de julho de 2010

No interior da simplicidade de Mila

Linda e carioca
Longe de vir a serra
Longe do destino
Do poema mineiro

Personificado e passageiro
No trem que leva minas
Para Itaperuna

De encontro as margens
Dos rios em janeiro
Soprando as canções para Mila

A carioca que desfila solitária
Ao amor do meu destino

Absorvendo poemas

Almas mundos


TECEM

Mundos almas




Palavras

Escrevem


Versos



Os poemas


SURGEM


imortais



Palavras



AMANTES



verdadeiras




Escreva sobre o aço
Escreva mineiro solitário
Nas ruas de pedra e asfalto
Sujas de minério e arte

sábado, 3 de julho de 2010

Carpe diem

Presente de uma amiga, me lembrando que a vida é curta demais!

Seiscentos e Sessenta e Seis (Mário Quintana)

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.